domingo, 10 de julho de 2011
VENDAVAL
É preciso estar perdido pra te encontrar
foi no rodamoinho de mim que te encontrei
você rodopiava em seu próprio vendaval...
fomos tentando nos acalmar a alma
as pernas e braços soltos
fomos tentando aquietar nossos corpos um ao outro
mais o rodamoinho voltava
o vendaval vinha...
tentamos nos segurar, mas o vento soprou forte demais
uma força estranha ao nosso coração insistiu
nossas mãos se desgarraram uma da outra
e nunca mais consegui te tocar
chegamos próximo, viamo-nos de perto
quase enxergava seu olho
mas a força continuava afastando-nos, afastando-nos
não sei mais o sentido
não lembro o seu cheiro,
me esqueci do seu sorriso
e nem penso
vejo de longe que o vendaval segue seu caminho
domingo, 5 de junho de 2011
Eu sei muito bem medir o tamanho das suas inconseqüências
não tenho mais a inocência de criar expectativas
não passa mais pela minha cabeça nem uma sombra da ilusão que um dia criei do que seria viver um amor, que se não se transformou por completo, se esvai a cada atitude inconseqüentemente egoísta sua.
eu não perco nada com isso.
não tenho perdido nada
tenho dividido (e isso é bem diferente da perda),
o que sou, o que penso,
meu espaço, meu tempo
e isso é digno e natural de alguém que se basta
alguém que, sem querer se revestir de nenhum poder heróico,
aprendeu a reciclar, destilar, filtrar os momentos
alquimisando os sentimentos com a humilde visão de que se é preciso pra se enxergar o ser humano
não espero que se desculpe ou se lamente por estar tropeçando em seus próprios pés
e por vezes esbarrando em meu ombro ou caindo em meu colo
não há custo pra mim nisso
e também não a mais rosto, identidade ou endereço
não há um nome, nem um passado
não há segredo
deveria pensar que enquanto continuar mentindo e fingindo pra si mesmo
continuará da mesma forma mentindo e fingindo para os outros
não reconheço sua identidade portanto
como não reconheces a minha
um coxo enxerga a sua frente uma muleta
e pronto
e ela não precisa ter nome
forma, cor, qualidade...
só precisa servir pra guiá-lo por algum caminho
até que ele se encontre
não tenho mais a inocência de criar expectativas
não passa mais pela minha cabeça nem uma sombra da ilusão que um dia criei do que seria viver um amor, que se não se transformou por completo, se esvai a cada atitude inconseqüentemente egoísta sua.
eu não perco nada com isso.
não tenho perdido nada
tenho dividido (e isso é bem diferente da perda),
o que sou, o que penso,
meu espaço, meu tempo
e isso é digno e natural de alguém que se basta
alguém que, sem querer se revestir de nenhum poder heróico,
aprendeu a reciclar, destilar, filtrar os momentos
alquimisando os sentimentos com a humilde visão de que se é preciso pra se enxergar o ser humano
não espero que se desculpe ou se lamente por estar tropeçando em seus próprios pés
e por vezes esbarrando em meu ombro ou caindo em meu colo
não há custo pra mim nisso
e também não a mais rosto, identidade ou endereço
não há um nome, nem um passado
não há segredo
deveria pensar que enquanto continuar mentindo e fingindo pra si mesmo
continuará da mesma forma mentindo e fingindo para os outros
não reconheço sua identidade portanto
como não reconheces a minha
um coxo enxerga a sua frente uma muleta
e pronto
e ela não precisa ter nome
forma, cor, qualidade...
só precisa servir pra guiá-lo por algum caminho
até que ele se encontre
quinta-feira, 2 de junho de 2011
Só o que não se sabe do outro é potencialidade de amor. O óbvio certeiro é um limite que o olho nos dá. Mas além das frases feitas, dos gestos repetitivos, das normas, da formas, das fôrmas sempre iguais; existe o inconsistente, um intangível não depreciável... Mas é preciso enxergá-lo pra sabê-lo.
É preciso tocar as almas com as mãos da voz. Com o tato do silêncio... engolir os cheiros...
Aqui, é um lugar indefinido.
Nas paredes brancas não vejo retratos.
Na paisagem não vejo nenhuma lembrança.
Aqui, foi apenas uma escolha sem previsões, mesmo que um mapa manuscrito tivesse na mão para chegar. Joguei fora a bussola. Porque “aqui” me levará para o inesperado. E o que mais poderia querer nesse momento?!
Não vejo mar nesses dez graus de sonhos. Não escuto batida de congo.
“e agora parece observar-me tão espantada quanto estou com esse nosso inesperado encontro”.
Para Kris.
É preciso tocar as almas com as mãos da voz. Com o tato do silêncio... engolir os cheiros...
Aqui, é um lugar indefinido.
Nas paredes brancas não vejo retratos.
Na paisagem não vejo nenhuma lembrança.
Aqui, foi apenas uma escolha sem previsões, mesmo que um mapa manuscrito tivesse na mão para chegar. Joguei fora a bussola. Porque “aqui” me levará para o inesperado. E o que mais poderia querer nesse momento?!
Não vejo mar nesses dez graus de sonhos. Não escuto batida de congo.
“e agora parece observar-me tão espantada quanto estou com esse nosso inesperado encontro”.
Para Kris.
segunda-feira, 2 de maio de 2011
sexta-feira, 22 de abril de 2011
Você é um perigo
“Você é um perigo!”, disse o rapaz. E ela prontamente respondeu: “Você quer se relacionar com alguém que não seja um perigo?!”.
Roubei esse diálogo ontem na esquina da rua, quando tentava chegar em casa sem a saudade que me acompanhava. Queria mesmo deixá-la pelo caminho, mas não pude, ela me acompanhou até em casa... Então como ela já estava lá prostada... Entrou, sentou, se insinuou; deitou-se comigo a cama, e disse-me coisas ao pé do ouvido. E eu que só queria esquecê-la estava ali dominado por certa fragrância, que é típica de uma boa saudade. Ela me acompanhou madrugada adentro, falando baixinho no meu ouvido sobre o tempo; de todos os seus estágios, de todos seus contratempos...
A saudade é como uma irmã adotiva que sente inveja de você. Passará a vida toda do seu lado, desejando que você chore! Por qualquer motivo, você chore!
Na verdade a saudade é uma madrasta que te poem de castigo. E depois de afaga e lhe aconchega contra o peito.
A saudade é uma vaca! Mugindo incessante na nossa orelha.
Não havia perigo naquela garota, enquanto ela estava ali parada esperando que ele a tomasse nos braços sem medo. Havia perigo, ele sabia e ela, no depois. No depois do beijo, no depois do sexo, no depois de dormirem juntos... O perigo estava na lembrança dos acontecimentos. O perigo estava na possibilidade da saudade.
E como ela é uma oferecida! Rodeando-nos como um guarda noturno, sempre em vigília. Ela é uma descabida. Guardo-a no peito.
Roubei esse diálogo ontem na esquina da rua, quando tentava chegar em casa sem a saudade que me acompanhava. Queria mesmo deixá-la pelo caminho, mas não pude, ela me acompanhou até em casa... Então como ela já estava lá prostada... Entrou, sentou, se insinuou; deitou-se comigo a cama, e disse-me coisas ao pé do ouvido. E eu que só queria esquecê-la estava ali dominado por certa fragrância, que é típica de uma boa saudade. Ela me acompanhou madrugada adentro, falando baixinho no meu ouvido sobre o tempo; de todos os seus estágios, de todos seus contratempos...
A saudade é como uma irmã adotiva que sente inveja de você. Passará a vida toda do seu lado, desejando que você chore! Por qualquer motivo, você chore!
Na verdade a saudade é uma madrasta que te poem de castigo. E depois de afaga e lhe aconchega contra o peito.
A saudade é uma vaca! Mugindo incessante na nossa orelha.
Não havia perigo naquela garota, enquanto ela estava ali parada esperando que ele a tomasse nos braços sem medo. Havia perigo, ele sabia e ela, no depois. No depois do beijo, no depois do sexo, no depois de dormirem juntos... O perigo estava na lembrança dos acontecimentos. O perigo estava na possibilidade da saudade.
E como ela é uma oferecida! Rodeando-nos como um guarda noturno, sempre em vigília. Ela é uma descabida. Guardo-a no peito.
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
Eu vim aqui dizer meu nome mas esqueci
Acho que deixei atrás da porta quando pendurei o casaco
Ou talvez tenha deixado a mesa quando tomava café
Não tem problema sair de casa sem nome
Mas agora queria dizer. Mas não acho nos bolsos da camisa, da calça...
Não posso me referi a mim muito menos a vocês sem primeiro uma apresentação.
E como faze-la se meu nome próprio deixei pra trás. Talvez caiu detrás da cabeceira da cama, ontem, quando eles esteve na boca daquela moça por longo tempo... talvez ela tenho-o deixado cair, porque me lembro que em um certo momento ela não o pronunciou mais. Talvez ele tenha ficado entre os travesseiros.
Posso começar mesmo sem dizer meu nome?
Eu prometo buscá-lo daqui a pouco e dize-lo no final.
Por favor não impeçam esse discurso pela falta de um nome.
Se importarão se encontrar outro no caminho que não o meu e então dize-lo aqui pra começar a leitura esperada...esse momento.... ?
Agora ninguém mais percebe que é apenas um nome
Agora não faz mais diferença
O que vim mesmo dizer?!
Acho que deixei atrás da porta quando pendurei o casaco
Ou talvez tenha deixado a mesa quando tomava café
Não tem problema sair de casa sem nome
Mas agora queria dizer. Mas não acho nos bolsos da camisa, da calça...
Não posso me referi a mim muito menos a vocês sem primeiro uma apresentação.
E como faze-la se meu nome próprio deixei pra trás. Talvez caiu detrás da cabeceira da cama, ontem, quando eles esteve na boca daquela moça por longo tempo... talvez ela tenho-o deixado cair, porque me lembro que em um certo momento ela não o pronunciou mais. Talvez ele tenha ficado entre os travesseiros.
Posso começar mesmo sem dizer meu nome?
Eu prometo buscá-lo daqui a pouco e dize-lo no final.
Por favor não impeçam esse discurso pela falta de um nome.
Se importarão se encontrar outro no caminho que não o meu e então dize-lo aqui pra começar a leitura esperada...esse momento.... ?
Agora ninguém mais percebe que é apenas um nome
Agora não faz mais diferença
O que vim mesmo dizer?!
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Todas as minhas letras foram guardadas para você
Para o dia que talvez, você reconhecesse esse amor
Quanto tempo pensando... Quanto tempo esperando...
A minha obra, a minha vida coloquei num livro pra te dar
E você fez de conta que não sabia
Você fingiu não se importar
Do mesmo jeito que finge não sentir falta desse amor
Era só esquecer dos erros e se entregar
Era só esquecer o medo
Não fuja mais de si mesma
Vem se encontrar de novo com você
Para o dia que talvez, você reconhecesse esse amor
Quanto tempo pensando... Quanto tempo esperando...
A minha obra, a minha vida coloquei num livro pra te dar
E você fez de conta que não sabia
Você fingiu não se importar
Do mesmo jeito que finge não sentir falta desse amor
Era só esquecer dos erros e se entregar
Era só esquecer o medo
Não fuja mais de si mesma
Vem se encontrar de novo com você
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