terça-feira, 14 de dezembro de 2010

PERDAS E DANOS

É como se sentíssemos todas as dores do mundo. Não há palavra que exprima, não há verbo que explique. Só o corpo, a alma, tem as respostas que não precisam ser verbalizadas no momento em que “existir” parece um luxo. Porque diferente de sobreviver, existir requer presença; de corpo, de alma, de sorrisos forçados e farsas diárias... Existir requer muito talento. E me descubro uma fracassada, colecionando desastres a cada ano que se passa. As histórias se repetem, as perdas acontecem, e me sinto cada vez mais distante das pessoas, justamente porque me distancio de mim mesmo, cada vez que alimento essa rotina atual, que no fundo tenho negando há tempos.
Difícil definir o equilíbrio e o ponto em que devemos “estar” para não nos entregarmos nem a insanidade nem a sanidade, de forma tão absoluta.
Talvez melhor não fazer nenhuma escolha, mas ser escolhido.
A flexibilidade dos sentimentos, e tantos outros movimentos psíquicos do ser humano, fazem-nos andar flutuantes entre a ilusão e a realidade. Entre as regras e a liberdade. Entre o rebanho e a solidão.
Há uma dignidade maior do que imaginamos na escolha de sofrer. Estamos escolhendo “crescer”.
É necessário um mínimo de análise sobre as perdas e os danos. Viver a superficialidade das coisas pode ser um equivoco. E densidade não é bem uma escolha, simplesmente não possível ficar todo o tempo na superfície (superficial)...

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Me perdi na rua de casa. Por um momento, não sabia onde estava, e noutro queria voltar para o momento anterior. Como viver num sonho infinito, mas que um dia acaba?
Voltando ao fato de ser tão imponente... Não sei as respostas para esse acontecimento.
Estou mesmo cansada é de ser forte. Passei anos da minha vida empenhada em ter uma estabilidade financeira, agora que a tenho eu sinto um vazio tão grande!
Como se acalmar no desespero? O vazio é pior que o vácuo.
Penso que da mesma forma que minha mãe se agarra as orações e terços, eu a cerveja e a literatura barata.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

ela abriu mão dos caminhos, deixou passar as possibilidades
descartou algumas pessoas
e se agarrou a outras sem consequencias
chora no quarto baixinho

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Amo nela aquilo que é visceral
Amo ela ser ela
Se mostrar a todos
Se mostrar no que diz, no que escreve, no que canta
Amo sua paixão pela letra, pela melodia, pela voz
E há tantas outras pequenas belezas...

Ela faz poesia, sendo a própria poesia
Canta sendo a música
Diz sempre da forma mais linda tudo que eu quero ouvir

Meu sonho de eternidade acreditei no dia que a conheci,
e soube que jamais largaria daquela mão

E hoje depois de tantos anos passados
Tanta coisa boa e junto tanta banalidade vivida
Tenho ainda a certeza que amo
talvez por motivos outros
talvez por não saber quem sou eu sem ela
talvez por saber que não há lugar melhor no mundo

Amo a intensidade que vejo em seu ser por completo
e que ninguém vê

Por isso é "meu" o seu desenho,
toda a sua forma

Amo sua melancolia, e seu desespero de as vezes não saber nada
e que... faz

Amo aquilo que você esconde de mim
E não há nenhum outro amor que assim a amará.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Nem a yoga
Nem a igreja
Nem o vegetarianismo
O equilíbrio... o desequilibrio
O reconhecimento do amor próprio
A decadência
O valer a pena
Ou o desejo do suicídio
Nem o tempo
Todas as palavras escritas
As lagrimas corridas
Os sorrisos soltos que esconderam uma tristeza presa
Nem a linda morena
A paixão do passado reconhecida
Nem todas as lembranças ou vontade do esquecimento
Nenhuma fase concreta
Nem a incerta caminhada no escuro
Nem toda a realização
Toda poesia
Toda vantagem ou recompesa
nada
Absolutamente
me fizera arrancar-lhe das veias
e se agarrar-me a uma ilusão foi o que fiz da minha realidade
quero morrer em sonho

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Lamento que eu tenha perdido a leveza daquele tempo, ou que você também a tenha perdido. Como disse ontem, a vida e seus acontecimentos, as dores, as perdas, acabam nos transformando em pessoas mais carrancudas. Vamos criando uma casca de proteção devido ao medo de nos machucarmos de novo. E isso vale como preservação, mas é preciso termos cuidado para não nos tornarmos pessoas intocáveis. E não dá pra ser leve com essa carga nas costas, essa casca tão grossa. E quando criamos essa proteção tão forte é preciso que encontremos alguém com disposição para quebrá-la, o que não é uma tarefa fácil. Ou nós mesmos irmos com o tempo perdendo o medo, e irmos a disfazendo. E se pensar que não é necessário quebrar essa casca pra se ter alguém por completo, está enganada. É sim necessário, se não viverá apenas a superfície do outro, não poderá conhecê-lo por dentro. E conhecimentos superficiais passam, como relacionamentos, e amores. Talvez eu precise de alguém que quebre a minha casca. E talvez você também espere que alguém quebre a sua. Ficamos as duas esperando...



Lamento que tenha lhe encontrado nesse momento com uma casca tão grossa. Como dissemos ontem “a essência não muda”, mas ela pode ficar bem escondida.
Tudo seguindo seu curso....

As garças continuam pousando a beira do mangue, vejo aqui da minha janela...
o por-do-sol continua deslumbrante
e a lua (quando há lua) ilumina ainda meu quarto inteiro

o rio vai seguindo seu curso... os barcos passam...
as vezes encontro alguém a beira pra uma prosa de domingo...

sinto a brisa da praia, o vento no rosto nas minhas voltas diarias de bicicleta...
marco uma cerveja com os amigos no botiquim da lama...

tudo continua com a mesma beleza de sempre...

sempre que estou aqui.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

eu tenho sonho e cabeceira

e recosto a cabeça em seu ombro enquanto digito afoito esse poema que escrevi ontem pra você

ele estava na minha cabeça todo tempo
se formando como um sonho que agora não consigo contar

tento explicar te escrevendo

sim, te escrevo

é assim que meu poema de amor se faz

deitada sobre o seu corpo

vou riscando tua pele com meu beijo, deixando só o arrepio se apagar

mas o poema fica

e ele vai ter fim no fim da noite

deixa eu dormir!

o amor já ficou escrito no peito

a poesia nas pernas...

amanha de manha eu recito-o de novo pra você

nas suas costas, nas suas coxas...

vem deitar poesia!

vem deixar que eu faça de sua vida meu rascunho

vem recostar comigo de novo a cabeceira

e sonha...

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Tenho aprendido, que as coisas as vezes acontecem num rítimo meio lento... e geminiamos, como nós, temos pressa de viver sempre, a gente sabe como a vida é boa, e não quer perder nem um pouquinho dela... mas as vezes temos que controlar nossa avidade, para deixarmos quem está do nosso lado nos acompanhar... porque senão não terá graça ou sentido chegarmos ao topo sozinhos.

domingo, 17 de outubro de 2010

Toda aquela conversa de ontem se perdeu em nuvens que eu tocava e você nem via.
Era um caminho desenhado a aquarela, e se desfez na chuva inesperada
Não era a aquarela ou o caminho,
Nem a razão
Meus motivos
Seus motivos...
Era só aquarela que tinha para desenhar esse caminho
E a chuva foi só um acaso
Como a conversa, suponho
E minha levitação aos céus, fiz por conta própria
Segui o caminho das nuvens sozinho.
A sensação da espera me perturba
Quero ser tomada num súbito
Retirada sem aviso, nem licença
Do posto que me ponho em guarda, à defesa não sei de que sacrifício
Faço quase um ofício desses vicio dos ponteiros
E dos olhos atentos aos movimentos de ameaça
Alcancei a liberdade dos relógios em um momento
E como não pude com essas asas falsas reverter os ponteiros,
Não vi sentido ficar sem máscara
Vesti de novo a farda
E convivo acomodado com o medo.

sábado, 9 de outubro de 2010

Acordava logo cedo e corria a brincar pelo quintal entre as flores. Estava sempre perto dos adultos esperando ouvir algum segredo. E depois revelava-os incessantemente ao espelho para decorá-lo e aprende-lo. Era como uma caixinha de palavras guardadas. Um verdadeiro confissionario ambulante em corpo de criança. Alguns até diziam que viam-lhe as asas, mais era a vontade de cada um de crer que de fato era um anjo na terra. Sempre a sorrir e comprimentar os outros. Deixava escapar sem querer muitas vezes algum raio de luz. E pronto. Já não queriam mais sair de perto dela, deixa-la correr livre que foi pra isso que ela veio a terra.
A menina-anjo esqueceu-se anjo por muito tempo. Mesmo assim não deixou de ser. Continuava a fazer seus milagres, guardar pelos outros, mesmo sem saber porque. E estes jamais a entenderam anjo. Ate agora estes que ela de fato salvou e protejeu, jamais lhe viram anjo, se quer desconfiaram.
Mas os anjos são muitas vezes esquecidos, ou nunca lembrados. Muitas vezes jogados de lado, abandonados... Como podem esquecer um milagre?! Como podem não enxergar uma graça, uma benção?! Pobres mortais aprisionados no óbvio.

sábado, 2 de outubro de 2010

queria poder arrancar toda tristeza ou angustia que lhe envolva a alma,
que pertença a seu coração,
mas estes são seus e fora dos meus limites estão

queria arrancar todo o excesso no seu corpo
pra que você se sinta mais bela e melhor consigo mesma...
mas esse corpo não é meu

queria cuidar dos seus cabelos como quem cuida de um roseiral no jardim esperando florescer...
mais o pente, a força, a tinta, o corte, estão em suas mãos – não posso tocar

queria guiar as suas mãos e criar a escultura mais bonita,
o mais belo quadro, mais é de você que deve nascer o dom da criação
– conduzo a caneta em seu lugar

queria invadir toda a sua vida e fazê-la outra vida,
mas não posso querer viver o que é seu, não posso querer viver pra você,
ser você nesse céu,
onde apenas deuses podem passar,
apenas mães podem parar,
apenas anjos podem...

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Se transforma as vezes num pequeno silencio. Em meio ao mundo que lhe parece sempre um desconhecido. A suas costas é possivel ver o peso do mundo. Em seus olhos uma tristeza que nao se esvai pela lagrima; se acumula nas olheras sem farsa.
Nao sabe ser amada