“Você é um perigo!”, disse o rapaz. E ela prontamente respondeu: “Você quer se relacionar com alguém que não seja um perigo?!”.
Roubei esse diálogo ontem na esquina da rua, quando tentava chegar em casa sem a saudade que me acompanhava. Queria mesmo deixá-la pelo caminho, mas não pude, ela me acompanhou até em casa... Então como ela já estava lá prostada... Entrou, sentou, se insinuou; deitou-se comigo a cama, e disse-me coisas ao pé do ouvido. E eu que só queria esquecê-la estava ali dominado por certa fragrância, que é típica de uma boa saudade. Ela me acompanhou madrugada adentro, falando baixinho no meu ouvido sobre o tempo; de todos os seus estágios, de todos seus contratempos...
A saudade é como uma irmã adotiva que sente inveja de você. Passará a vida toda do seu lado, desejando que você chore! Por qualquer motivo, você chore!
Na verdade a saudade é uma madrasta que te poem de castigo. E depois de afaga e lhe aconchega contra o peito.
A saudade é uma vaca! Mugindo incessante na nossa orelha.
Não havia perigo naquela garota, enquanto ela estava ali parada esperando que ele a tomasse nos braços sem medo. Havia perigo, ele sabia e ela, no depois. No depois do beijo, no depois do sexo, no depois de dormirem juntos... O perigo estava na lembrança dos acontecimentos. O perigo estava na possibilidade da saudade.
E como ela é uma oferecida! Rodeando-nos como um guarda noturno, sempre em vigília. Ela é uma descabida. Guardo-a no peito.
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