Acordava logo cedo e corria a brincar pelo quintal entre as flores. Estava sempre perto dos adultos esperando ouvir algum segredo. E depois revelava-os incessantemente ao espelho para decorá-lo e aprende-lo. Era como uma caixinha de palavras guardadas. Um verdadeiro confissionario ambulante em corpo de criança. Alguns até diziam que viam-lhe as asas, mais era a vontade de cada um de crer que de fato era um anjo na terra. Sempre a sorrir e comprimentar os outros. Deixava escapar sem querer muitas vezes algum raio de luz. E pronto. Já não queriam mais sair de perto dela, deixa-la correr livre que foi pra isso que ela veio a terra.
A menina-anjo esqueceu-se anjo por muito tempo. Mesmo assim não deixou de ser. Continuava a fazer seus milagres, guardar pelos outros, mesmo sem saber porque. E estes jamais a entenderam anjo. Ate agora estes que ela de fato salvou e protejeu, jamais lhe viram anjo, se quer desconfiaram.
Mas os anjos são muitas vezes esquecidos, ou nunca lembrados. Muitas vezes jogados de lado, abandonados... Como podem esquecer um milagre?! Como podem não enxergar uma graça, uma benção?! Pobres mortais aprisionados no óbvio.
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